sábado, 21 de abril de 2012

Patricia Costa, Carioca e Brasileira

Rio
Só podia ser do Rio


Deixa ela cantar
Patricia Costa, em interpretações majestosas no Mulata Sou, no Centro Cultural Carioca
Foto:divulgação

Ver é comigo, e digo porque vi. Mas ver e ouvir é bom demais, e deixa comigo também.

A primeira vez que vi e ouvi Patricia Costa foi em Noel, Feitiço da Vila, dirigida por Eddie Nunes. Sua entrada inicial em cena foi travestida de Aracy de Almeida, calças retas e óculos fundo de garrafa. Estava igualzinha. Depois ela vem de musa, cantando O Apito da Fábrica de Tecidos e depois não sei mais, porque o brilho da atriz no palco hipnotizou-me.

O destino quis que eu a visse na platéia da estréia da Peça Em nome do Jogo. Sou fã, e fã se aproxima. Fã quer ver de perto, quer olhar, quer falar, e eu fui, olhei e falei.

Patricia é muito educada. Voz suave, postura de princesa. Falou comigo com essa voz que Deus lhe deu sobre o show no Centro Cultural Carioca. Ah pronto. Não precisou mais nada. Meu bem do lado, lá fui eu para ver e ouvir mais.

A cantora, em gesto de atriz. Talento múltiplo em um único espetáculo
Click meu

Samba? Jazz? Mpb? Tudo junto e muito mais. Patricia entra reinando no palco, e sua estatura miúda, mignon, atinge uns 2 metros de altura sobre o solo sagrado do palco, inexplicável pelas leis da física, mas justificadíssimo pelas leis da arte. O repertório demonstra seu bom gosto. Temos Paulinho da Viola, Noel Rosa, D.Ivone Lara, Caetano Veloso, Tom Jobim, e Jackson do Pandeiro. Acompanhada pelos músicos Cláudio Costa (violão e direção musical, e seu irmão), Gláucio Martins (sax e flauta), Maurício Piassarollo (teclado), Rodrigo Ferreira (baixo), Wallace Santos (bateria) e Michel Nascimento (percussão) ela consegue paralisar a platéia. Fez um samba jazz, um som brasileiro, tamborim com sax, som para ouvir e assistir. É a apresentação de uma dama da música, exige respeito.

Em interpretações impecáveis ao ouvido e ao olhar, Patricia se supera em Sonho Meu, Odara e Só Mente, perfeitas para seu tom. Faz viajar. Gostaria de vê-la cantando Águas de Março, pois tem a mistura do tom cristalino com o swingue da voz, coisa das divas. Sua voz atinge notas altas com suavidade, muito altas com muita suavidade, segurando no balanço. Mãos nas cadeiras e samba no pé, tudo junto, com harmonia.

E sempre foi assim. Está há 18 anos na vida artística. Estrelou “É samba na veia, é Candeia”, “Divina Elizeth” e "Orfeu". Pesquisando trabalhos anteriores e entrevistas, percebe-se que Patricia sempre mostra a que veio. Seu trabalho é caprichoso, não bastasse o talento, ela é primorosa nas suas declarações em público, sempre com enfoques positivos e de incentivo. Uma diplomata do Samba.

Com Jorge Maya, na obra que homenageia o grande Candeia
Foto:divulgação

No Carnaval deste ano, representando a diva Clara Nunes, na Portela
Foto: O Globo

Atriz, cantora, dançarina e apresentadora. E carioca, Brasileira, segura o público com categoria. Conta um pouco de si e da sua história. Explicou que o nome da banda é MU.LA.TA - Músicos Unidos para Lazer, Treinamento e Apresentações, e dividiu com o público passagens de sua vida como passista. Soubemos então que estreiou na Portela e ganhou o Estandarte de Ouro como revelação, por pura reação a um empurrão que recebeu de um diretor de ala. Provocada pelo gesto do tal senhor, superou-se no samba no pé.

De passista revelação em 1992, a Rainha da Bateria da Viradouro - trajetória de respeito no Reino do Samba
Foto: O Globo

Na verdade não precisa de empurrão algum, seu talento é seu passaporte, e percebe-se que é uma profissional que investe na vocação. Formada em pós graduação pela Faculdade de Dança Angel Vianna, muito bem colocada como atriz e cantora, é destas artistas que quanto mais buscamos informações, mais encontramos, de tão consistente que é o seu trabalho. Consistente e lindo, sim, ela está fazendo um lindo trabalho pela arte brasileira.

Eu desejo, caríssima Patricia, que o destino prossiga te empurrando para cima, onde é o seu lugar. No Brasil e na Europa, onde acredito que também será rainha. E eu, que não sou ruim da cabeça e nem doente do pé, estarei pronta para sambar, cantar, e aplaudir.

A diva e esta que vos fala, que fã é fã e tem que ter foto

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