sábado, 14 de abril de 2012

Nina e Lamartine

Oi,
Ipanema...

Nina Becker, bela e extravagante, em Oh,Nina! Homenageando Lamartine Babo


Nada como uma Ipanemazinha para inaugurar o fim de semana.
Sexta, lá fui eu, Oi, Ipanema, cheguei.

Eu tinha encontro marcado com Nina Becker, que marcou encontros mil Brasil afora como vocalista da Orquestra Imperial.
Em seu trabalho de cantar Lamartine, Nina deve marcar outros mil encontros, mil gols, e provavelmente não apresentará nenhum cartão vermelho: o trabalho é lindíssimo. Escolheu marchinhas a dedo, e as vestiu com sua elegância moderna, de rock, de marcha, até de bolero.

O trabalho traz música de qualidade, até para quem nem sabe quem foi Lamartine. As canções ficaram gostosas de ouvir, com arranjos e músicos de primeira. Sua voz, é uma das mais bonitas e potentes vozes de sua geração, pode cantar qualquer coisa, que canta bem, canta alto, canta com vontade. Ressoa.

Inteligente também na escolha do repertório: tal qual Teresa Cristina homenageia Roberto Carlos escolhendo aquelas canções que não fizeram assim taaaaanto sucesso, a espevitada Nina faz novo arranjo para marchinhas pouco conhecidas. Não ouviremos Linda Morena ou O teu cabelo não nega. Danada essa menina. Pronto. É o lançamento destas pérolas, como Inês. Posso mais? Seu trabalho relança Lamartine. Vamos ouvir felizes, sem nenhuma nostalgia: ela atualiza o velho Lalá. Quero o Cd, para deixar rolar e sacudir o ambiente.

O ritmo pode também convidar a uma dança de rosto colado, sua especialidade, afinal, ela cantava em bailes; chama para o salão quando canta Sonhei que tu estavas tão linda , e para o aconchego, saudoso, com Rancho Fundo, em dupla com Moreno Veloso. Quase teve entrega de cartas de candidatas a consolar o coração do pobre Moreno, de noite, no sereno.

Sua expressão corporal é a de uma bailarina clássica, de postura impecável e gestos refinados, de efeito. Braços brancos, mãos brancas, é como uma boneca de porcelana dentro da caixinha de música. Os movimentos terminam suaves ou precisos, conforme o ritmo da música, na ponta de seus dedos. Roqueira inocente, parece uma criança brincando de bailarina.

Teve convidados ótimos - Moreno Veloso e Rubinho Jacobina - e conta com ótimos músicos no palco. Tudo ótimo portanto. A banda que acompanha sua carreira autoral está lá, firme e forte, guitarras, baixo e bateria. Pedro Sá (guitarra), Bartolo (guitarra), Eduardo Manso (baixo) e Thomas Harres (bateria e percussões)merecem sinceros elogios.

Enfim, o show é excelente, ela é excelente, tudo muito bom, tudo muito bem, repertório, arranjo, interpretação, acústica. O resultado é leve, alegre, romântico, engraçado. Ok.

Mas Nina, Oh, Nina! Vamos melhorar estes modos. Não entre no palco caindo de rir. O público fica sem entender se faz parte da música, da performance ou se é de nervoso. Era riso de nervoso mesmo, emendou ela, e ficou pior a emenda que o soneto. Palco é solo sagrado. Exige concentração e respeito. E o público jamais perceberia sua falta de ar, se não tivesse avisado por umas três vezes que perdeu o fôlego por causa da pequena pessoa em seu ventre. E jamais, jamais nesta vida, Bela Nina, uma artista deve avisar ao respeitável público que está indo fazer xixi, e sair, ligeirinha, pela acustia.

A irreverência exige uma certa etiqueta, caríssima.

Aí, não tem Lamartine, Moreno, Jacobina ou banda de primeira que possam salvá-la. Falei. É. Digo porque vi, e ouvi.

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