domingo, 26 de fevereiro de 2012

Eu voltei

Rio de Janeiro

Lindo Rio
Sorriu para mim
E eu sorrio

Eu vi e eu rio....
Click de Carla Santo Anastacio, gentilmente


Equivoquei-me.

Despedi-me do blog com palavras escorregadias. Fomos pelo Gap, as palavras e eu. Sim, eu mesma tinha escorregado pelo vão, e sido tragada, como a água que desce pelo ralo.

Mentira. As palavras não desceram. Eu não desci.

Signos, símbolos, ideogramas. Todos presos na garganta. Estranha anatomia a minha, com letras, vírgulas, sílabas e parênteses misturados à carne, sobrevivendo no interior de mim. Penso que serão digeridos; mas nunca são. Penso que serão triturados, incorporados. Não serão. Descem goela abaixo, e antes de caírem no estômago, retornam. Palavras assim agitadas como eu, que não sossegam enquanto não voam, que não se aquietam enquanto não estão ao vento...

Ficaram ocupando espaços, amontoando-se. Reagrupando-se sem sentido.

Estranhando-se como eu estranhava a mim, calada demais, muda demais, introspectiva demais.

Então sexta de Carnaval chegou e eu vi o Rio de novo.

Vi o Rio no Arpoador, e vi o mar, e vi o vento, e vi a maresia. Vi tanta gente, e tanta gente me viu; mas viram a casca, a pele, o verniz - não viram o coração, batuque mudo, batuque duro, batuque surdo. Viram o que é visto, enquanto eu não. Eu via o que é só sentido, e por isso mesmo não pode ser ignorado. O invisível é sempre mais forte e determinante que o superficial: e as palavras saíram, boca afora, bumbo afora, mar afora.

Saíram de mim, de dentro, de uma vez, e o nó da garganta se desfez.

Assustei-me, eram palavras demais. Eram saudações, sussurros, segredos, e que farra deviam fazer dentro deste corpo estranho. Letrinhas ondulantes, sentimentais demais, temperamentais demais.

Era o grito de Carnaval entalado na garganta. Que potencial.

Era a vida entalada, na forma de samba, de folia, na forma colorida de alegria.

Ai. Eu precisava soltar a voz de novo. Urgiu.

Soltei. Falei.

Desafoguei, desentalei.

E assim aliviada eu dei o grito de Carnaval, eu sacudi a poeira, arrastei a sandália de prata pela avenida do coração e sambei. Como sambei - a vida sem samba é vida sem palavra, sem amor, vida sem bateria, sem avenida, vida sem vida.

A vida sem Carnaval, caríssimos, é um nó na garganta.


Viva o samba, o Carnaval, a vida, e claro, o Amor

Um comentário:

  1. Ah, VIVA O AMOR! E o céu azulzinho, claro! Porque no final das contas o importante mesmo é ser feliz, ainda que com clichê...rs

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