terça-feira, 4 de outubro de 2011

Miriam Leitão e suas notícias

Talk Show
Miriam Leitão e Carlos Sardenberg

20 anos de CBN

Miriam Leitão, especialista, jornalista, assumidade

Carlos Sardenberg, político, jornalista


Caríssimos. Pagamos uma fortuna por uma caipirinha mas não vamos a um talk show grátis. Tema do talk? O "faz-me-rir". O "dindin", nada menos que a Economia do Brasil, nos últimos 20 anos. Nada menos que Miriam Leitão e Carlos Sardenberg a discutir, agradavelmente, sobre assuntos que pesam no no bolso do brasileiro. Mas o talk show estava vazio. O brasileiro não gosta de talks, prefere sings or dances. E mais: torce o nariz para o que é público ou gratuito. Gosta de dizer que pagou caro. Gosta do que é caro, acha que é melhor, mais importante, tem mais peso. Devemos ter complexo de inferioridade, só pode ser.

Sou do contra. Fui.

Gosto de Economia, que está muito mais para a sociologia do que para finanças. Está mais para o comportamento do homem do que para seus dinheiros no banco, e se pensarmos bem, é o comportamento do indíviduo que define seu saldo bancário. E é o comportamento dos indivíduos, coletivamente, que define o status econômico da nação.

Fui ver os jornalistas. Sardenberg, que já esteve no Governo Sarney, foi mais comedido, mais reticente. Usou de piadas, de pouca informação técnica, poucos conceitos.

Mas Miriam não. Firme, fundamentada, convincente, taxativa.

A jornalista sabe tudo de política, história, economia, e mostra a cada frase fatos e fatos e atos com datas, causas, consequências, possibilidades, justificativas. Tem uma base de dados impecavelmente organizada na sua cabeça, e o conhecimento adquirido em mais de trinta anos de carreira deve estar todo classificado, etiquetado e linkado. Um assunto puxa o outro com propriedade, fluência e precisão. Orgulho para a classe feminina. Orgulho para o Jornalismo e a Economia brasileira. Unânimes os espectadores - que mulher inteligente, que mulher culta, que mulher poderosa, era o que se ouvia pela platéia, corredores, foyer, banheiros. Nada substitue a qualidade da informação. Fascina.

O lado bom é esse. O lado ruim é que as notícias são ruins, e devemos acreditar, pois quem está falando é uma assumidade do assunto.

Miriam afirma que o crescimento brasileiro dos últimos 20 anos deu-se sem avanços educacionais, sem preocupações com a questão ambiental e com concentração de Renda. Tudo errado, portanto. Prossegue que não acredita no Governo, pois há muitas pessoas de doutrinas diferentes, sem engajamento à causa da educação. Que o brasileiro estuda pouco, muito pouco, enquanto o mundo estuda muito. Que as metas do governo Dilma para educação são mínimas, e promovem pouca ou nenhuma ação neste sentido.

E que sem educação não teremos qualidade em nosso crescimento e nem aumento de renda per capita.

E assim não teremos economia estável, ponto de partida para projetos de desenvolvimento. Não haverá base para investimentos, e não há planejamento de longo prazo.

Pior: nossa democracia está ameaçada pela corrupção. A corrupção traz a descrença do jovem no sistema democrático, e isto é uma ameaça real `a liberdade política que temos hoje. Pergunta-se até quanto vai-se suportar a corrupção em nome da democracia.

Silêncio. Aplausos.

E ela fecha, respondendo a uma pergunta da platéia. "- O que diria a um jovem de 20 anos?"

"- Sonhe alto, trabalhe duro, e estude muito". Sardenberg emenda: "- e poupe. Gaste menos do que ganhe, e aplique seu dinheiro".

Senhores políticos, sigam estes conselhos, simples como manda a boa estratégia,e as notícias para os próximos 20 anos serão melhores.

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