terça-feira, 9 de agosto de 2011

Outside

Rio de Janeiro

Lindo Rio
Lindo Espaço Tom Jobim
Linda lua linda noite


Long long life to David Bowie
e para os maravilhosos atores brasileiros
que o honram


OUTSIDE

" A peça é inspirada em um poema que o músico David Bowie escreveu no encarte do disco “Outside”, de 1995. O texto, que conta a história de uma adolecente de 14 anos que morre e doa seu corpo em nome da arte, ganha uma adaptação d’Aquela Companhia de Teatro, com texto de Pedro Kosovski e conta com Letícia Spiller, André Mattos e grande elenco." (O Globo)



Sou do samba e náo posso negar.
Mas o rock mandou me chamar.
Fui,
como deixar David Bowie no sereno?


É um musical, uma ópera rock. Narra uma suspeita de assassinato ao som dos sucessos de David Bowie. O texto é fantástico, cheio de referências subliminares, de meandros policiais e armadilhas que só um roteirista de máo cheia pode criar.

As guitarradas combinam perfeitamente com a suspeita e com os sustos da trama. A música de Bowie transporta para o mundo louco dos loucos sofisticados. Dos artistas, a quem a sociedade permite extravagâncias. Dos criadores, dos vanguardistas, dos irreverentes, dos incompreendidos. Dos corajosos.

Os personagens sáo caricatos, todos, espalhafatosos, sedentos, violentos.
Vestidos ricamente, penteados como loucos, maquiados como o KISS, ou como o Coringa, do Batman, ou como o Maskara, do Carrey.
Como criaturas inviáveis, mas compreensíveis.
A estética agride, mas é coerente. Convence que náo podia ser de outro jeito - essa pessoa náo existe, é uma ilusáo, mas se existisse, seria exatamente assim. E daria um trabalháo aos bem comportados cidadàos da pacata sociedade contemporânea.

O pessoal do Outside

Cada personagem por si daria uma novo roteiro. Caprichados, requintadamente concebidos e interpretados. Há riqueza de personagens, personalidades e talentos. Abundância e fartura de diáologos, gritos, histerias, e solos de guitarra, solos vocais, solos de interpretaçao. Pas de deux moderníssimos. Apoteoses musicais.

Sucessáo de shows em um só show.

É preciso elogiar e aplaudir as atuaçoes. Sáo hipnóticas, e acreditamos de fato no planeta surreal da Galeria de Arte de Peggy Guggeinheim. Peggy, encarnada por Leticia Spiller, vem palco adentro tomada por uma pomba gira de frente, e das que tem gilette na roda da saia. Ela cega e ensurdece o o público com suas aparições.

George Sauma é Zig SpaceBoy, um bad boy da alta roda artística. Revendedor, coloquemos assim, de biscoitinhos envenenados. Gosta de uma coisa mais forte na cama com a namorada gatinha. Tão fantástica a direção do espetáculo que conseguiu-se até deixá-lo sexy. Abusado. Sem camisa, bate no peito e diz que é ali que que se goza, isso mesmo, goza. Quando estamos quase lá, sapateia, e aí, caríssimos, aí é um escândalo. Nunca antes o rock pedira um sapateado. Mas quando pediu, teve, e como teve. Sauma é feio, franzino e engraçado. Eu digo porque vi, e vi duas vezes: quando sapateia, Sauma é um gato.

Jorge Caetano se traveste e solta a voz. Arrisco dizer que é a estrela, mais brilhante. Alucinado, sofrido, atrevido. Sua perfeição vocal supera muitos cantores famosos. Sua voz é ampla. Arrebata pela imensidáo...

Canta, Ramón Ramona, Canta

Todos mereciam elogios, sinceros e profusos. Náo posso. Seria over.

Mas náo posso deixar passar a atriz cantora. É miúda, acredito que tímida fora dos palcos. Altíssima soprano, Suave, seu visual é mais leve, traz flores vermelhas nas têmporas. Representa a esposa conflituada do policial. Nao sei seu nome. Busquei seu nome no programa, na internet, nas publicaçoes. NADA. Quem souber, me ajude.

Devo-lhe um sincero agradecimento. Sua interpretaçao de "Loving the Alien", braços abertos e olhos fechados, solta na galáxia de um palco, convenceu-me.

O AMOR náo é coisa desta Terra. O AMOR é um estranho, um viajante inter planetário. Aparecerá trazido por notas musicais, e nos carregará, felizes, para o outside dos mundos náo habitados.


















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