sábado, 6 de agosto de 2011

Os filhos de todos nós

Rio de Janeiro
Botafogo

O tempo que passa


A Banda 3x4 - no baixo e vocal, Danilo Azevedo. Guitarra, Rodrigo Metne. Bateria, Gabriel Gonzalez.


Estudamos juntas, primário, ginásio e segundo grau.
Foi a primeira da nossa turma a ter filhos.
Um, e depois dois de uma vez. Sim, gêmeos.

Vida para lá, vida para cá.
A vida segue às vezes mais fácil, às vezes mais difícil.
Caso, separo, caso, separo, caso e separo, e separada fico.
Filho 1, filho 2.

O carinho permanecendo em recordações, doces, especiais. Eis que fomos materializadas uma para a outra novamente pelas maravilhas do facebook. Unidas pela tecnologia, encontramo-nos de novo.

Curioso, a amizade verdadeira resiste a tempo e distância.

Vejo seus filhos grandes e moços. Vejo que o tempo passou.

Vejo que não tenho mais 15 anos, mas tenho amigas, alegres amigas do colégio, e podemos rir com vontade desta vida.

E cantar. Sim, cantar, e muito, em público e em voz alta: um de seus filhos tem uma banda, e fui assisti-lo. É a ótima 3x4, e se apresentaram na Cobal do Humaitá.

Emocionada. Podia ser meu filho. Há 20 anos atrás era só um sonho, sermos mães, termos bebês - sonhamos, engravidamos, parimos, amamentamos, embalamos, levamos para o colégio, fizemos dever, pediatras, médicos, festinhas.

Hoje o garoto empunha uma guitarra e sua banda apresenta um dos melhores repertórios que já ouvi: Nando Reis, J.Quest, Paralamas. E por aí afora.

A juventude de sua banda canta com alegria.

Seus amigos e amigas cantam junto com a banda. A juventude é bela, como são belos e alegres, como se movem com facilidade, levantam-se, circulam, sorriem, bebericam seus copos.

Tem uma facilidade sintomática de sua idade em agruparem-se e dispersarem-se sem mágoas. Mexem-se graciosamente. Juntam-se em rodinhas, e vão trocando de grupos, assim, como quem náo se importa de trocar. SEm muito apego. As moças mostram sua exuberância, formas assim redondas que só as muito jovens tem. Os rapazes parecem crianças perto delas.

E são todos tão belos, tão mais magros que nós em nossa meia idade, mais altos, viçosos. Os cabelos são mais brilhantes, os olhos também. Acredito que os corações ainda sejam inquebráveis. Há o cheiro e a aparência do novo, intrinseca e verdadeiramente novo.

Parecem ser mais inocentes, e com isso mais permissivos.

Há corpos máximos e saias mínimas. Há as mais recatadas, mas náo menos sorridentes. Olham para os rapazes atléticos em suas básicas T-Shirts apertadas, e olham para Os menos malhados, mas náo menos fortes, talvez só mais despojados. Olham-se sem nada a esconder.

Percebe-se que não temem as dores. Os sorrisos e os sentimentos são mais simples, sorriem mais, falam mais. Estáo despreocupados com os sorrisos e as falas.

Parecem soltos dos moldes em que se encaixarão em alguns anos.

E senti uma vontade imensa de ser assim jovem novamente.
De que tudo, absolutamente tudo, seja facilmente possível.
Com um sacudir de cabelos renovar-se. Com um trocar de lugar redescobrir-se.
Com um breve sorriso começar uma nova amizade.

Como se todos fossem meus filhos, tive vontade de protegê-los da amargura que os anos vindouros provavelmente trarão.

Gostaria de estalar os dedos e mantê-los assim, cantando em coro, dançando, bebendo, rindo, beijando. Soltos numa união de identidades livres.

Sei que náo será assim. Chega um dia a maturidade. Mais cedo ou mais tarde adquirimos uma consciência maior de nós mesmos, e de nossa limitada existência, de curta duração, e de tantos erros; chega o dia em que os dias parecem iguais e sem novidades, e que a lista de afazeres é maior que a de prazeres.

E que se não houver amor para mais um dia, para um dia de cada vez, envelhecemos dez anos por dia.

E que esse dia de reflexão náo chegue para eles, e que passe logo, rápido, por mim. Quero é cantar mais uma, do J.QUEST, quero uma canção extremamente fácil.

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