domingo, 28 de agosto de 2011

O bonde náo é mais aquele

Rio

Bonde

Bode

Pena de tanta coisa nesse mundo


Náo sei de quem é a arte acima, mas é linda


Caríssimos, foi-se.

O Bonde espatifou-se e levou com ele, de pronto, cinco pessoas. Feridos? Mais de 50.
Julio Lopes, nosso excelentíssimo secretário de transporte, onde estava? Náo no bonde, né? Pena.

Os inocentes pagaram pela culpa dos irresponsáveis. É a regra cruel da coletividade. A pena dificilmente atinge o culpado. Mas dessa vez foi demais. Gravemente ferido, um menino de 3 anos está na CTI do Souza Aguiar. Mortos, feridos, desassistidos. E Julinho gente, onde estará? Jantando a esta hora, em um bom restaurant, bem penteadinho e enfatiotado.

O bonde está um caco há anos. A população local náo tem segurança no sagrado direito constitucional de ir e vir.

O Bonde sem freio, sem conserto e sem jeito é o histórico Bonde de Santa Teresa. Criado em 1872, após a concessão para a exploração de uma linha entre a atual Praça Quinze de Novembro e o largo da Lapa até à rua do Riachuelo. Deste ponto, foi inaugurado, em 1896, o ramal de Santa Teresa, que se estendia até ao largo dos Guimarães e à rua Almirante Alexandrino. Em qualquer lugar do mundo haveria um lugar de honra no museu para o bondinho. Polido, brilhante, conservado, orgulhoso de sua idade avançada e serviços prestados.

No Rio, não. Aqui seguiu rodando, superlotado e desmazelado. Estamos falando de cento e tantos anos de revelia. O bonde sempre deu problema e seguiu, à revelia dos dirigentes, que náo interviram, e deixaram o bonde rolar. Houve acidentes, de maior e menor gravidade, mas o povo é teimoso e o governo é displiscente. Resultado? Taí. Tragédia.


Tenho que mencionar outro bonde revel: o do funk. Sem repressáo policial desde que a Assembléia Legislativa em 2009 entendeu que funk é cultura, o bonde do funk vai atropelando a dignidade das moças que nem entendem o que podem ser nesta vida, mas estáo lá, no funk às sextas, e sábados e domingos. Bebendo muita cerveja, decorando letras obscenas e coreografias pavorosas. Pena, pena, pena. Enriquecendo a Furacão 2000.

Perguntem a última vez que foram a um cinema. Perguntem se foram a aula de inglês.

Talvez na mesma tarde em que o Bonde de Santa Teresa esteve em manutençao.
Nunca. Indeterminável. Sem registros.

As decisóes políticas de nossos administradores impregnaram o substantivo bonde com sérios significados pejorativos. É sinal de perigo "O bonde vai passar". É gíria importada da bandidagem.

Mas quem é bandido no Rio? O sujeito que amarrou um arame no bonde e achou que ia dar certo? Ou nossos administradores que náo dáo a mínima para a segurança do carioca e sabem que vai dar errado mesmo? Ou o pessoal da Furacâo, enchendo o báu às custas de pornografia e mau gosto? O Rio está perdido na máo desses senhores, gente, estou falando e ninguém me escuta.

No Rio náo há manutençao, prevençao e repressáo. Não tem educação, no sentido amplo da palavra, de zêlo, de proteção. De cuidado com os menores, com os usuários dos serviços públicos, com os contribuintes. Náo, isso náo, mas tem o bonde do Sérjáo, o Cabral, e o Rio que se cuide, o Bonde vai passar.







Um comentário:

  1. "É a regra cruel da coletividade"
    As pessoas tão paradoxalmente individualistas quando deveriam ser coletivistas e as punições tão coletivistas quando deveriam ser individualistas.

    Seguimos pagando, rezando, teimando em viver, tentando fazê-lo bem...

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