Rio Rio Rio
Não é rio, é mar
e é ilha
Vamos navegar
Percebo a vida em ilhas.
(Djavan já explicou que o seu coração é uma ilha, a centena de milhas daqui.)
Entáo.
Ilhas do Sim.
Ilhas do Não.
Se preferir acreditar em Djavan, há a ilha onde se escondem, longínquos e solitários, os corações.
Se quiser acreditar em mim, sáo duas nossas ilhas.
A ilha do Sim, onde temos os prazeres da carne e do espírito. Prazeres do desejo, do conhecimento, do sucesso, da fortuna. Música, fartura, candura, colo, consolo, carinhos. Presentes. Prazeres vários, como frutas em árvores, pegamos e saboreamos.
Cobiçamos as coisas boas da vida, nos sorriem, estão ao nosso alcance.
Andamos entre as fileiras do pomar tropical, e nos fartamos.
Saciados. Exagerados. Como castigo, somos levados para a Ilha do Não.
Silêncio, sombra, susto, solidão.
Insônia.
Esforço em vão.
Reclamamos desta estadia. Queixamos. Gritamos. Choramos, pedimos, cansamos, murchamos.
Nesta ilha dura e carrancuda enfrentamos as madrugadas lentas, o dinheiro contado, o desamor. Sede, sede de liberdade, fome de plenitude. O tédio, a ansiedade. O pensamento vago. Preguiça. Teimosia. Terra da negação. Para tudo que se pede e se quer, a resposta é não.
Beijo?nào
Abraço? nào
Canção? nào
Entre o sim, e o não,
Vem ele.
Unindo e consolando,
festejando e amparando,
indo e vindo,
partindo e chegando,
libertando, transpondo
Navegando
navegando
navegando - vem ele, o incansável coração cheio de amor.
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