quinta-feira, 23 de junho de 2011

A Música IIusória de Guinga

Le Blon, terra da música
terra da arte
sou abduzida pela Música ilusória de Guinga
e da Orquestra Sinfônica da Petrobrás

Guinga, ele mesmo, em foto de divulgação. Aceitemos seu convite, que a música nos una


Dia 22 de Junho, quarta feira coroada pela música. E que música.

A música em sua forma sublime e em sua função mais nobre: levitação.
A orguestra sinfônica, regida pelo belo e talentoso Carlos Prazeres, elevou-nos, suave e certeiramente, ao mundo astral.
Entre as estrelas.

Esse projeto - MPB e JAZZ, concebido por Wagner Tiso, - é, sem força de expressão, uma viagem. E eu me deixei levar. Fascinante viagem, pelos violinos sem fim da Orquestra Sinfônica da Petrobrás, e pela composição de Carlos Althier de Souza Lemos Escobar, mais conhecido como Guinga.


Em seu oitavo ano, o projeto já homenageou Noel Rosa, Dolores Duran, Jacob do Bandolim, e trouxe convidados como Stanley Jordan e Dominguinhos


Autor de delicadezas preciosas como Senhorinha, imortalizada por Milton Nascimento, e o Silêncio de Iara, um hino ao murmúrio das águas, Guinga é apresentado como um compositor popular. Desculpem, senhores, não é náo. O povo náo conhece Guinga, não teve esta oportunidade, esta possibilidade. O povo está direcionado para outras atrações, que dificultem propositadamente seu conhecimento sobre a riqueza musical do nosso Brasil.

Uma pena, devia ser conhecido por todos. Ouso dizer que sua música devia ser obrigatória no curriculo escolar: haveria uma matéria sobre os compositores brasileiros, e ele lá estaria. Emblemático. Há em suas notas, Villa Lobos, certamente que há. Em suas letras há pitadas de Chico Buarque. Conduz-nos a planícies amanhecidas, e, por incrível que pareça, sua música lembra os silêncios da alma, quando calamos para ouvir melhor a voz do coração.

É carioca, e sua carioquice aparecerá no balanço de Abluesado e Geraldo no Leme, mas há algo de Minas Gerais nele. Como se viesse do interior de Minas, com suas tranquilas montanhas e riachos e terrenos verdejantes. Acalmando, explicando, reverenciando.

O som produzido foi amplo, extenso, vasto. Infiltrou-se pelos ouvidos e entorpeceu os 900 espectadores do Teatro Oi Casa Grande. Testemunhamos a execuçao inicial, o Prelúdio das Bachianas Brasileiras número 4, de Villa Lobos, em total sintonia com as execuções que seguiram: Casa de Villa,e Sete Estrelas. Em Canção Desnecessária, ouvimos a voz rouca de Guinga pela primeira vez, e é, em sua imperfeição, humana, gentil, sofrida.

Sugiro que escutem. Sugiro que escutem essa valsa, essa especificamente. A Música Ilusória e avessa, como ele mesmo diz. Há tristeza, muita, mas não a tristeza da dor sentida, mas a da dor cicatrizada, que serviu para amadurecer a emoção. Vinicius de Moraes tinha razão - a tristeza torna a beleza especial, incisiva, intrigante, profunda.

Ao falar com seu público, Guinga transborda emoção. A elegância em elogiar os músicos, com franca admiração, enaltecendo sua dedicaçao ("são escravos da arte"), e de pedir aos presentes o que é impossível recusar: "vamos nos unir, vamos deixar as rusgas que não levam a nada, vamos aproveitar a intimidade que a música proporciona." Um recado de amor e de paz a ser transmitido. Eis-me aqui: seguiu para os caríssimos o sábio recado do artista.

Finda o show com Senhorinha, bis e outro bis. Volta ao palco três vezes, é ovacionado. De mãos dadas com o Maestro, e com os seus especiais participantes Lula Galvão, Jesse Sadoc, Paulo Sergio Santos e André Boxexa, respectivamente no violão, no trompete, na clarineta, e na percussão.

Sim, Guinga, vamos unir-nos ao redor de sua música. Com você e a Orquestra Sinfônica da Petrobrás, o mundo lá fora ficou mais leve, mais íntimo, e mais bonito.
Ilusão, ou náo, mas com certeza mais bonito.


Nota: você sabe a diferença entre Orquestra Sinfônica e Filarmônica? Deixa que eu explico. Diferem pela natureza de sua criação: a primeira contaria, para sua manutençao, com a verba gerada por suas apresentações, digamos assim. A segunda, patrocinada por amigos e admiradores. Atualmente todas as orquestras são mantidas por instituições públicas ou privadas, portanto fica só a intençao da formação inicial.
Não há diferença entre os instrumentos e o número de músicos; tais requisitos são determinados pelo compositor ou pelo adaptador da obra para Concerto. A Orquestra de Câmara apresentará menos instrumentos, e incluirá o violão, para um tom mais intimista

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