segunda-feira, 6 de junho de 2011

As Feras

Rio de janeiro,

Brasil

Jaula para as feras



Costumo rejeitar assuntos violentos ou pessimistas para o blog.

Temos que encontrar nas palavras consolo, força, estímulo.

Mas desta vez náo posso.

Acabo de assistir o video do pai que surra com chutes seu filho de 8 anos como quem chuta um inimigo mortal. Em um sítio onde a criança poderia estar brincando, o menino cai ao chão, entregue, resignado. Não reaje, náo chora, parece até morto. O irmão menor, de sete anos, desesperado, implora ao agressor que pare. Ele náo pára e ainda arrasta o menor pelo chão, como se fosse jogá-lo longe. O pai odeia os filhos, odeia sua carne, seu próximo, odeia os seres a quem devia defender. É ele o grande perigo dos meninos.

A violência, horrorosa, ocorreu em Registro, interior de São Paulo. O filho mais velho, de 16 anos, que deve ter passado o diabo na mão deste monstro, filmou tudo e levou a policia.
A policia prendeu. A familia do monstro pagou a fiança, o monstro fugiu para a mata. A fiança náo podia ter sido aceita, o Ministério Público expediu mandado de prisáo. Trinta e cinco policiais dedicados a esta missáo, o monstro enfim é preso.

Os meninos estáo sob a guarda do Conselho Tutelar da regiáo. Com taquicardia, desesperada por não poder ajudar os meninos de Registro, por não poder vingá-los, prossigo a leitura dos jornais. Vem o caso do Colégio Sáo Bento, tradicionalíssimo, quase que uma maçonaria católica, seleto, elitizado, reacionário. Muito bem. Um aluno, de 14 anos, espanca um menino de 6 anos. Um cotoco de gente. Os amigos do mais velho, sua quadrilha, impedem os amiguinhos do menor de pedir socorro.

O pequeno desmaia. Apanha enquanto desmaiado. Só então aparecem os inspetores da distinta instituiçao. Ignoravam as feras de seu quintal.

Agora mil explicações para os rapazes. Não me convencem. Um adolescente de 14 anos, da classe alta do Rio de Janeiro tem mais entendimento que muitos adultos do Brasil afora. Sabem o que fizeram. São sádicos típicos. Para mim, são aprendizes do monstro de Registro.

E assim o mundo segue. Covardias. Crueldades com as crianças. Jogados pelas janelas, enforcados por amantes enlouquecidas. Ameaçados de serem jogados aos cães. Resolveram acabar com os menores, indefesos, os que náo tem opção, e a quem o destino escolheu para torturas físicas e emocionais; a quem o destino afastou das pessoas de bem, que nunca chegam a tempo.

Crianças que por momentos indescritíveis sentem na carne toda a força dos covardes. Pagam por pecados de outras vidas, passadas e futuras, a quem o Senhor todo poderoso lá do céu não considera como merecedores de protecão. Onde está Deus que náo lança um raio na cabeça desses monstros?

É o fim dos tempos: odiar as crias da nossa raça. Odiar nossos iguais, nossa carne, nosso sangue e coração. Odiar os fracos e os humildes. Reduzí-los a pó.
Bater, surrar, humilhar. Ignorar sua dor, seu desconsolo, seu desamparo. Rir de sua fragilidade e de sua dependência.

Onde náo há amor, há dor. Náo há meio termo.

O ser humano esqueceu do amor. Quer dor. Para si e para os que estiverem por perto.

Não sabe mais amar.

Virou fera. Não. As feras selvagens sáo melhores. Matam para comer, e náo, nunca, jamais, por prazer.

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