domingo, 30 de janeiro de 2011

Todos querem é sassaricar



Sassaricando

Teatro Carlos Gomes

Praça Tiradentes


O Carnaval está chegando - em trinta dias, no máximo, estaremos Sassaricando. Todos, o brotinho, a viúva, e a madame.
Este Carnaval não será como aquele que passou e a hora é portanto, de preparação. Sassaricar exige todo um esquema, e muita disposição. Para esquentar os tamborins, parto para o Teatro Carlos Gomes.
Estou no lugar certo. O ambiente da Praça Tiradentes é privilegiado. Samba e arte por metro quadrado. Gafieira Estudantina, Teatro João Caetano. O Gabinete de Leitura Português é logo ali. Nas redondezas do Teatro do BNDES, das lojas de instrumentos musicais da rua da Carioca. Que mais? Ah sim, pertinho do Saara, para o figurino dos foliões. Todos os paêtes e purpurinas do mundo.

Não levei confete e serpentina, mas devia. Na verdade, devia ter ido com fantasia de gala, orgulhosamente. É um show de luxo, o tradicional do Carnaval em sua melhor forma - dos anos 20 em diante, as músicas contam a história das Marchinhas. Não há um diálogo sequer, e não precisa. É um desfile de composições imortais, inesquecíveis, que mexem com o coração e com os pés. Mexem os quadris.

Somos todos foliões se estamos felizes. Sassaricar é apimentar a vida com com graciosidade - que classe há em ser feliz. Só uma pitada de samba, só para sacudir. A marchinha traz o duplo sentido das letras, das piadas de salão. A malícia da crítica, o gracejo do elogio. É a malandragem dos cariocas, campeões em levar a vida a sorrir; que venham em bonitos trajes, cantando em bailes, em blocos, em noites de gala; que venham em fantasias caprichadas, a vida não é nada sem originalidade e capricho. Damas portanto, caprichem. Os senhores de fino trato estão no salão, e, como se dizia, estão botando para quebrar.

As narrativas e projeções - que saída ótima para troca de figurinos, para enriquecer o espetáculo - ambientam o espectador. Adoro ambientação. É transporte, transporta-nos para a época de ouro do rádio: "Juju, meu balagandã. Te deixo um baú de músicas" Que herança, hein, Juju? Cuidemos bem da nossa herança. São oitenta e nove músicas apresentadas, o baú estava mesmo cheio.

Dussek é Dussek. Vozeirão, interpretação. Bem humorado, faz rir e faz cantar. Posa ao lado da belíssima Juliana Diniz - a formosura da mulata cai como uma luva para o louro alto. A voz e o sassarico ficam por conta de Inez Viana - uma estrela, estrela brilhante. Acredito que tenha um metro e meio de altura e kilômetros de voz. Ivana Domenico, André Dias, Pedro Miranda. Atores, cantores, ambos. A Direção de Cláudio Botelho arruma o palco como um quadro, os cantores como personagens nacarados e coloridos. Os músicos se destacam, não é banda, é orquestra. Orquestra a rigor, e música da melhor qualidade.

O espetáculo está em cartaz há cinco anos. Quantas pessoas assistiram? Nào sei. Mas que sei que todo mundo sassarica, e para usar o linguajar da época: se coça para sassaricar. Porque sem Sassarico, a vida é mesmo um nó.

Dá cá meu balagandã, que eu vou de baiana.

Um comentário:

  1. Espero o ano todo por essa época! carnaval é carnaval e quem não gosta de sassaricar?

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